domingo, 31 de maio de 2009

Avé Bracara


Por estes dias Braga vê-se inundada de romanos. Gladiadores, centuriões, matronas, cortesãs e, sobretudo, vendedores/as: artesanato, licores, ornamentos, frutos, tarot, massagens, pozinhos e pedrinhas contra o mal de inveja ou a favor do bem de amor. As possibilidades de negócio são grandes e algumas chegam a ser surpreendentes. A diversidade estende-se às línguas. Por lá ouvi castelhano, francês, árabe, alemão e algum português. Avé Bracara “Babel” Augusta.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Mas que sei eu

Mas que sei eu das folhas no Outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha

Ruy Belo

terça-feira, 26 de maio de 2009

Já cá canta

O actor/encenador com os olhos mais bonitos do Porto foi hoje até aos algarves e trouxe um título no bolso. Parabéns, N.!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Tomar Templária

O 67º capítulo de O Pêndulo de Foulcault é quase totalmente dedicado ao Convento de Cristo, em Tomar. Eco começa assim: Se eu conseguia imaginar um castelo templário, assim era Tomar. Sobe-se por uma estrada fortificada que bordeja os bastiões exteriores, de seteiras em forma de cruz, e respira-se uma atmosfera cruzada desde o primeiro instante. (p. 258)
Fiquei com muita vontade de lá ir. Ainda não conheço. Imperdoável.

Conexão

A conexão altera a perspectiva.

Umberto Eco, O Pêndulo de Foucault, p. 255

domingo, 24 de maio de 2009

Divisor de águas

Há dias, de uma qualidade raríssima, em que compreendemos que nada será como antes.

sábado, 23 de maio de 2009

Oportunismo

Vincent Van Gogh, A Cadeira de Gauguin (1888)

E há aqueles que gostam de se sentar em cadeiras quentes. Mas não numa coisinha monástica como a do Van Gogh. Não. Preferem uma cadeirinha a la Gauguin.

domingo, 17 de maio de 2009

Da mordomia ao matadouro

Há restaurantes neste nosso globo em que é oferecida uma especialidade de degustação zen: bife Kobe. O naco de carne provém de um bovino tratado com aveia e cerveja, massajado diariamente, que descansa sobre tapetes térmicos e que ouve música erudita ao longo do dia. Tudo em nome de músculos descontraídos e maciez no palato.
Apetece-me dizer: aproveitem bem a mordomia que o matadouro está ao virar da esquina. E de circunstâncias destas, não se podem queixar apenas os bovinos.

sábado, 16 de maio de 2009

Sob a chuva (versão dupla)

August Macke, Sob a Chuva (1912)

Hoje descobri este quadro extraordinário de August Macke. Nem de propósito, ela cai lá fora. Ou a despropósito, já estamos em Maio (!)

Espaço

Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.

Cecília Meireles

(embora às vezes não saiba muito bem o que desenhar... ou se sou eu a empunhar o lápis...)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Em espera

Martin Johnson Heade, Approaching Thunder Storm (1859)
De que estará ele à espera? Do remador ou da tempestade? Suponho que espere o remador. Ninguém espera uma tempestade de forma tão plácida.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

For light does the darkness most fear

"Hands", da Jewel

If I could tell the world just one thing
It would be that we're all OK
And not to worry 'cause worry is wasteful
And useless in times like these
I won't be made useless
I won't be idle with despair
I will gather myself around my faith
For light does the darkness most fear

My hands are small, I know
But they're not yours, they are my own
But they're not yours, they are my own
And I am never broken

Poverty stole your golden shoes
It didn't steal your laughter
And heartache came to visit me
But I knew it wasn't ever after

We'll fight, not out of spite
For someone must stand up for what's right
'Cause where there's a man who has no voice
There ours shall go singing

My hands are small I know
But they're not yours, they are my own
But they're not yours, they are my own
I am never broken

In the end only kindness matters
(...)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sim, demasiados

You know, there's too many buttons in the world. There's too many buttons and they're just… There's way too many just begging to be pressed, they're just begging to be pressed, you know?

Ambivalente

Vida Interrompida (1999), de James Mangold
Susanna (Winona Ryder): I'm ambivalent. In fact that's my new favorite word.
Dr. Wick (Vanessa Regrave): Do you know what that means, ambivalence?
Susanna: I don't care.
Dr. Wick: If it's your favorite word, I would've thought you would...
Susanna: It *means* I don't care. That's what it means.
Dr. Wick: On the contrary, Susanna. Ambivalence suggests strong feelings... in opposition. The prefix, as in "ambidextrous," means "both." The rest of it, in Latin, means "vigor." The word suggests that you are torn... between two opposing courses of action.
Susanna: Will I stay or will I go?
Dr. Wick: Am I sane... or, am I crazy?
Susanna: Those aren't courses of action.
Dr. Wick: They can be, dear - for some.
Susanna: Well, then - it's the wrong word.
Dr. Wick: No. I think it's perfect.

domingo, 10 de maio de 2009

Fotossintéticas


Não gosto delas em jarras, amputadas.
Gosto delas enraizadas, prenhes de seiva, VIVAS.
Estas vivaças da foto foram um agrado da tia-madrinha.

sábado, 9 de maio de 2009

Nas suas palavras, o meu sentir

(...) E penso que os livros são bons para a saúde, e também para o espírito, e que nos levam a ser poetas ou a ser cientistas, a entender de estrelas ou encontrá-las no interior da vontade de certas personagens, essas que às vezes, algumas tardes, se escapam das páginas e vão passear entre os humanos, talvez mais humanas elas.

De José Saramago, aqui.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Humor Woodyano

O Misterioso Assassínio em Manhattan (1993), de Woody Allen
Carol (Diane Keaton): Acho que preciso voltar ao psiquiatra.
Larry (Woody Allen): Claro que não precisas. O que tu tens resolve-se com Prozac e um taco de pólo.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Pechinchas literárias



Comprados ao preço da chuva na FNAC. Já paguei bicas mais caras. Agradecida à Quasi e à minha amiga C.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Vozes do Suburbano #1

A que gostava de crianças não tem filhos, a que não gostava tem dois.

Senhora mais velha a tentar demonstrar a jovem adolescente que não quer ter filhos porque não gosta de crianças, que a vida pode ser irónica.

Vozes do Suburbano

Nas minhas viagens de comboio quase diárias, quando não trabalho, não leio um romance ou não me enredo em pensamentos, escuto as conversas, aparentemente sem moralizar, como diria o Reininho.

domingo, 3 de maio de 2009

Beautiful

A revista People, sobejamente conhecida pela atenção privilegiada aos bonitos e famosos, elabora anualmente “A Lista”, onde elenca os supostos 100 mais belos. A liderança atribuída este ano causou-me uma agradável surpresa: Christina Applegate. Não apenas pela sua inegável beleza, mas também porque tem vindo a sobreviver a um cancro, a uma dupla mastectomia e a todas as suas inevitáveis consequências emocionais.
O tributo a uma luta, a uma lutadora. Ficou-lhes bem.

sábado, 2 de maio de 2009

Da cobardia

Os cobardes morrem muitas vezes antes de morrer.

Shakespeare, citado por Umberto Eco em O Pêndulo de Foucault, p. 173

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Terapêutico

I write of melancholy, by being busy to avoid melancholy. There is no greater cause of melancholy than idleness, "no better cure than business".
Robert Burton, The Anatomy of Melancholy, 1621
Neste "Dia do Trabalhador", pareceu-me adequada esta apologia.